Multas em Contratos de Licença Temporária: Pontos Legais-Chave

Multa de contrato

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No universo das startups, contratos de licença temporária de uso são instrumentos essenciais para garantir direitos, definir responsabilidades e estabelecer parâmetros claros para a utilização de ativos, principalmente softwares, tecnologias, bases de dados e marcas. Mas, mais do que simplesmente firmar um acordo, há um elemento decisivo nestes contratos que merece destaque: as multas contratuais.

Sem cláusulas bem estruturadas sobre penalidades, contratos perdem força – e negócios ficam vulneráveis.

Apesar de estarem presentes em quase todos os contratos empresariais com alguma espécie de permissão de uso, ainda existem muitas dúvidas sobre como definir, calcular, aplicar e, se necessário, contestar multas relacionadas a descumprimentos em contratos de licença de uso temporário. Por isso, StartLaw preparou este artigo detalhado sobre as principais situações, riscos e cuidados nesse campo – sempre com o olhar voltado para startups, empresas inovadoras e times jurídicos que buscam segurança sem travar o crescimento.

Por que contratos de licença temporária exigem atenção especial

A licença temporária de uso é um acordo pelo qual o proprietário (licenciante) concede ao interessado (licenciado) o direito de utilizar determinado bem por prazo determinado e condições específicas, preservando a titularidade. Esse tipo de contrato é comum em ambientes de inovação, serviços SaaS, transferência de propriedade intelectual, e na contratação de soluções tecnológicas.

Vantagens para startups e empresas consolidadas? Flexibilidade, menor custo inicial e acesso ágil à inovação. Desvantagens? Riscos de descumprimento e perda de controle sobre o uso indevido do ativo.

  • O contrato fixa o que é permitido fazer, por quanto tempo, de que forma e mediante quais condições.
  • Qualquer desvio por parte do licenciado pode gerar danos difíceis de mensurar, além de expor o licenciante a riscos de violação ou uso indevido.

Por isso, um dos principais mecanismos para evitar excessos e proteger os interesses do titular é a cláusula de multa por descumprimento. Entretanto, definí-la requer técnica, sensibilidade e atenção à legislação vigente.

O que caracteriza a multa em contratos de licença de uso temporário

Multa contratual é uma penalidade previamente estipulada no contrato para o caso de inadimplência, descumprimento ou prática de algum ato indevido relacionado às obrigações pactuadas. No cenário dos contratos de licença temporária, ela costuma cobrir violações como uso fora dos termos ou prazo, compartilhamento indevido, modificação não autorizada, atraso em pagamentos e, claro, o desrespeito à confidencialidade.

Mas cuidado. A multa não deve ser encarada como instrumento de enriquecimento ilícito, nem como ameaça desproporcional, mas sim como instrumento de prevenção, compensação e incentivo ao cumprimento das regras do jogo.

  • Natureza compensatória: Visa reparar o prejuízo do titular quando houver descumprimento.
  • Caráter coercitivo: Desestimula condutas contrárias ao contrato.
  • Diferenciação de outras sanções: A multa difere da rescisão (quebra de contrato) e do dever de reparar danos integralmente. Ela é apenas uma das consequências possíveis.

A multa visa equilíbrio – nem punição excessiva, nem ausência de proteção.

Toda cláusula penal deve indicar, com clareza, qual obrigação foi violada, como será calculado o valor da multa e quais são as formas de defesa ou contestação.

Outras sanções e diferenças relevantes

Além da multa, contratos de licença podem prever outros mecanismos de sanção. É importante diferenciar cada um deles para evitar confusões e saber, por exemplo, em que situação cabe multa isolada, rescisão, indenização por perdas e danos ou até mesmo a suspensão do acesso ao ativo licenciado.

  • Rescisão unilateral: Rompimento antecipado do contrato por descumprimento grave.
  • Indenização específica: Reparação do prejuízo real comprovado.
  • Suspensão de acesso: Interrupção temporária do direito de uso.
  • Advertência ou bloqueio cumulativo: Medidas intermediárias para forçar o ajuste de conduta.

O ponto mais sensível é: cláusulas de multa não afastam a obrigação de ressarcir prejuízo maior, nem substituem, por si só, o direito à rescisão do contrato. Tudo depende do caso concreto e do que as partes pactuaram por escrito.

Fatores para definição e cálculo das multas

A definição do valor da multa em contratos de licença de uso temporário deve considerar múltiplos fatores. Aqui, o erro mais comum de startups é copiar modelos prontos sem analisar as consequências ou, no outro extremo, estipular valores arbitrários sem fundamento ou respaldo legal, o que muitas vezes resulta em disputas judiciais e anulação da penalidade.

Critérios práticos para quantificar a multa

  • Gravidade da infração: Violação pequena ou uso indevido relevante? Multas precisam ser ajustadas à intensidade do dano ou risco causado.
  • Proporcionalidade: Evitar multas astronômicas que superem de longe o valor do contrato. Tribunais anulam penalidades desproporcionais (decisões do STJ têm reforçado esse entendimento).
  • Possibilidade de correção monetária: Em contratos de longo prazo, ajuste monetário pode evitar defasagem da penalidade.
  • Prazo de duração da licença: Se a multa for percentual, ela pode ser estipulada sobre o valor restante do contrato ou sobre o valor mensal.
  • Dano potencial: Violação de segredo pode trazer dano reputacional ou perda financeira. Tais riscos justificam multa maior.

Outro ponto sensível é a cumulatividade de penalidades. Também aqui, tribunais recomendam cautela: pena cumulativa e valores abusivos costumam ser reduzidos judicialmente para patamares razoáveis.

É útil prever, ainda, se o pagamento da multa exonera ou não o devedor de outras responsabilidades, tema que deve constar de modo expresso na cláusula penal.

Métodos comuns para fixação do valor da multa

  • Valor fixo estabelecido para cada infração específica.
  • Percentual sobre o valor mensal ou total do contrato.
  • Percentual sobre o prejuízo estimado ou auferido com a violação.
  • Multas progressivas (aumentam a cada reincidência).
  • Multa diária pelo tempo de descumprimento (mora ou atraso).

Multas fixas dão segurança, mas nem sempre refletem o dano real. Percentuais costumam ser mais flexíveis.

Empresa que copia penalidades de modelos estrangeiros pode esbarrar em limites legais do Brasil. Aqui, por exemplo, percentuais acima de 20% do valor do contrato frequentemente são considerados abusivos, diferentemente do que se observa em contratos internacionais. Por isso, a recomendação é sempre consultar especialistas, como os advogados da StartLaw.Critérios de proporcionalidade e jurisprudência

Não basta estipular qualquer multa. O valor deve ser justificável e guardar proporcionalidade com o dano causado ou risco envolvido. Esse é um ponto estratégico, sobretudo porque tribunais brasileiros vêm se mostrando sensíveis ao exagero.

  • Como diz o STJ, a multa deve refletir o efetivo prejuízo ou o risco real da parte prejudicada.
  • Multas excessivas podem ser reduzidas judicialmente (jurisprudência consolidada).

O princípio da proporcionalidade no cálculo das multas busca evitar injustiças, privilegiando o equilíbrio entre liberdade de contratação e direito das partes. Isso se aplica com ainda mais força quando envolvido software, know-how e dados – ativos raramente quantificados de modo exato.

Na dúvida, opte por parâmetros razoáveis, fundados em médias de mercado ou análise de risco. E, claro, busque acordos objetivos e personalizados.

A importância de cláusulas claras e detalhadas

Toda multa depende de uma cláusula expressa, disposta sem ambiguidades no contrato. Falta de clareza gera insegurança, abre portas para litígios e favorece a redução ou até anulação da penalidade.

O que não pode faltar na cláusula de multa

  • Descrição minuciosa da conduta que enseja a multa.
  • Valor da penalidade (fixo, percentual, progressivo, etc).
  • Forma de apuração e cobrança (inclusive prazos).
  • Consequências do não pagamento da multa.
  • Eventuais exceções ou situações de força maior que afastam a sanção.
  • Definição se a multa exclui ou acumula-se com demais sanções (perdas e danos, rescisão, obrigação de fazer/não fazer).

Cláusula vaga equivale a convite à disputa judicial.

Além disso, a recomendação para contratos complexos (ou valores expressivos) é prever uma forma de notificação anterior à cobrança da multa e possibilidade de defesa ou ajuste antes da efetiva aplicação.

Hipóteses de aplicação prática da multa

A multa em contratos de licença temporária pode ser ativada de diversas formas. Vamos examinar as principais situações típicas, para além do mero atraso em pagamento.

  • Uso do ativo fora do período ou escopo de autorização.
  • Cessão ou sublicenciamento sem permissão.
  • Violação de segredo empresarial, confidencialidade ou compartilhamento não autorizado.
  • Desrespeito à LGPD ou à política de dados do titular.
  • Modificação, engenharia reversa, desfiguração do software ou inadequação técnica.
  • Inadimplemento de obrigações de manutenção e suporte, se previstas.

Lembre-se: cada hipótese precisa estar descrita no contrato – não adianta, depois, tentar inventar penalidades por violações não previstas.

Límites legais à imposição de multas contratuais

O Código Civil brasileiro impõe algumas balizas à fixação de penalidades, especialmente no que toca a abusos e desproporção. A regra é da autonomia das partes, mas há travas legais explícitas e implícitas, como a proibição de enriquecimento ilícito e a possibilidade de revisão judicial da penalidade.

  • Limite de 10% a 20%: Multas muito acima desses percentuais em geral sofrem redução judicial, salvo justificativa robusta baseada em risco ou dano específico.
  • Vedação de penalidades em duplicidade: Não se pode punir duas vezes o mesmo fato. Exemplo: aplicar multa e exigir indenização cheia pelo mesmo descumprimento, sem fundamento objetivo.
  • Exigência de transparência: A cláusula de penalidade não pode ser ambígua, sob pena de nulidade.

O contrato pode ser livre, mas não pode ser injusto.

A jurisprudência atual é rigorosa na contenção de abusos, como mostra o material publicado no ConJur sobre multas em contratos de TI.

Contestação e defesa contra aplicação da multa

Nem toda aplicação de penalidade em contrato de licença de uso temporário é legítima. O devedor sempre pode – e deve – exercer seu direito de defesa e ampla contestação. Muitos contratos ainda pecam em não prever tal procedimento, o que pode gerar problemas para ambas as partes.

Como contestar multas em contratos de uso temporário

  1. Exigir notificação formal detalhando a suposta infração e valor/cálculo da penalidade.
  2. Solicitar prazo razoável para defesa preliminar e eventuais explicações.
  3. Apresentar documentos, provas e argumentos para demonstrar ausência de culpa, fato impeditivo ou força maior.
  4. Negociar eventual ajuste amigável ou revisão do valor, caso o dano real fique comprovado menor.
  5. Buscar mediação extrajudicial antes de discutir o tema no Judiciário.

Aplicar multa sem chance de defesa é convite à nulidade.

Além disso, causas de exclusão de culpabilidade, como eventos imprevistos ou culpa exclusiva de terceiros, costumam ser aceitas como justificativas para afastar a multa, desde que bem documentadas.

Obrigações das partes e impacto da multa

A existência de multas no contrato não exonera as partes de suas demais obrigações. Pelo contrário, o ambiente contratual fica mais seguro quando todos sabem exatamente seus deveres, riscos e eventuais consequências do não cumprimento.

Obrigações principais do titular/licenciante:

  • Entregar o ativo dentro das condições pactuadas.
  • Garantir o funcionamento e suporte (se assim definido).
  • Respeitar sigilo sobre dados e informações do licenciado.

Obrigações principais do licenciado:

  • Usar o ativo dentro das regras e limites de tempo/escopo permitidos.
  • Não transferir, copiar ou modificar sem autorização.
  • Manter obrigações de confidencialidade, inclusive após o término do contrato.
  • Arcar com obrigações financeiras – inclusive multas, quando devidas.

A multa, portanto, funciona como mecanismo de adequação e disciplina contratual, sem ferir a responsabilidade geral pelas obrigações principais.

Confidencialidade, privacidade de dados e penalidades

Em contratos de licença temporária, o tratamento de dados e a confidencialidade estão no centro das preocupações dos titulares. Com a vigência da LGPD, a falta de zelo em cláusulas de privacidade pode, além da multa contratual, gerar sanções administrativas graves e até responsabilização civil.

  • É recomendável vincular multa contratual à violação de cláusulas de sigilo, acesso ou uso indevido de dados pessoais.
  • Também vale, em muitos casos, prever penalidades específicas para descumprimento da política de privacidade ou do plano de gestão de dados do licenciante.

Mas atenção: além da multa privada, há consequências legais administrativas. Por isso, multas contratuais não eximem a parte infratora de responder à ANPD por infrações graves à LGPD.

Neste contexto, a StartLaw tem auxiliado diversas startups a estruturar contratos alinhados à legislação e às melhores práticas internacionais sem comprometer a inovação e a segurança jurídica. Já detalhamos esses cuidados nesta análise sobre licença de uso temporário de software.

Rescisão e multas: interações possíveis

A aplicação de multa não elimina, necessariamente, o direito da parte prejudicada de optar por rescindir o contrato. Pelo contrário, em muitos casos, especialmente quando há descumprimento reiterado, ou inviabilização do objeto contratado —, rescisão e multa podem ser aplicadas de forma cumulativa.

  • Se a infração não compromete gravemente o objeto do contrato, a multa pode ser suficiente para forçar o ajuste de conduta (cumprimento forçado).
  • Mas se a violação for tão relevante que faz perder o sentido da relação (ex: quebra de sigilo), cabe rescisão com multa (e, eventualmente, indenização).

Multa não é salvo-conduto para descumprir; rescisão segue sendo direito do prejudicado.

É preciso ajustar no contrato se a multa substitui ou acumula-se com as demais penalidades, para evitar discussões desnecessárias.

Aspectos legais: proteção de dados e responsabilidade civil

Nada mexeu tão profundamente com os contratos de licença quanto a entrada em vigor da LGPD. Empresas que não revisaram suas cláusulas estão expostas a multas externas (ANPD) e riscos de judicialização. O mesmo vale para obrigações ligadas a propriedade intelectual, compliance e responsabilidade civil.

Relação entre LGPD, responsabilidade civil e penalidades contratuais

  • Violou dados pessoais? Pode responder por multa contratual, multa administrativa da ANPD e indenização civil por danos efetivos. São esferas separadas.
  • A responsabilidade costuma ser objetiva – basta a infração para gerar o dever de indenizar, sem análise de culpa.
  • Cláusulas contratuais podem prever exclusão de responsabilidade só em caso de força maior, culpa exclusiva do terceiro ou ausência de nexo.
  • Startups que operam com alta rotatividade de funcionários ou terceiros devem reforçar obrigações de confidencialidade e penalidades para evitar vazamentos e ações judiciais.

Dúvidas frequentes sobre essa interface são abordadas no material de contratos empresariais da StartLaw.

Como negociar contratos padronizados: dicas para startups

Muitas startups, seduzidas pela agilidade, acabam assinando contratos de licença padronizados enviados por fornecedores, sem qualquer ajuste ou revisão. O risco é alto: multas desmedidas ou inadequadas tornam-se cláusulas de difícil aplicação ou, ainda pior, são usadas como pressão em negociações futuras.

Recomendações fundamentais para negociar e revisar contratos de licença temporária

  • Solicite rascunho editável para poder propor alterações.
  • Liste cláusulas de multa e avalie se estão ligadas a infrações realmente graves – evite penalidades para meros atrasos ou descuidos banais.
  • Negocie valores de multa baseados na média de mercado e no potencial de risco, e não em percentuais padrão importados.
  • Adapte o conceito de infração, prevendo gradação da gravidade (advertência, suspensão, multa e, só depois, rescisão).
  • Assegure direito de defesa prévio e possibilidade de ajuste de conduta antes de aplicação da penalidade.
  • Solicite cláusula que explicitamente vete penalidades em duplicidade para o mesmo evento, nem sempre o fornecedor aponta este ponto.
  • Exija, para startups, multa máxima de até 10% do valor total contratado (salvo situações excepcionais).

Se sua startup não tem advogado fixo, vale buscar apoio em serviços especializados por assinatura como a StartLaw, que realiza revisões rápidas e customizadas em contratos, evitando ciladas comuns ao adaptar contratos padrão a realidades inovadoras.

Advogado aconselha startup sobre contrato em escritório moderno Como personalizar contratos e evitar surpresas

O segredo para evitar disputas e perdas está em adaptar o texto do contrato à realidade do seu negócio. Modelos genéricos quase nunca tratam das especificidades de startups, propriedade intelectual, escalabilidade ou arranjos de tecnologia disruptiva.

Ferramentas de automação e plataformas como a StartLaw permitem customizar cláusulas – incluindo penalidades, valores e prazos –, além de manter biblioteca contratual centralizada, assinatura eletrônica segura e registros confiáveis para contestação futura.

O melhor contrato é o que ninguém precisa acionar – mas, se precisar, que funcione.

Isso envolve prever não apenas penalidades, mas também fórmulas de reajuste, registros de alteração, logs auditáveis e canais para negociação direta das divergências.

Boas práticas para negociação, revisão e adaptação de modelos

O processo de contratação pode ser, sim, leve e seguro ao mesmo tempo. Para isso:

  • Valide se cada obrigação geradora de multa está absolutamente clara, inclusive no aspecto técnico (escopo, regras de uso, prazos).
  • Analise se os valores de penalidade guardam relação razoável com o valor de mercado do ativo e com o prejuízo potencial.
  • Prefira multas graduais a penalidades rígidas – progressividade diminui o risco de judicialização por abuso.
  • Exija transparência e direito à defesa antes de aplicação da penalidade.
  • Documente negociações paralelas, alterações pontuais e comunicações que possam ajudar na interpretação futura do contrato.

Lembre-se: adaptar modelos não é luxo, é necessidade para evitar bloqueios judiciais, efeitos surpresa e disputas que drenam tempo e energia.

O papel fundamental da consultoria jurídica especializada

Nada substitui o olhar multipartidário e estratégico de um profissional jurídico ao revisar contratos de licença de uso temporário. Isso não significa desacelerar o negócio, mas sim antecipar problemas e evitar prejuízos sérios antes mesmo que surjam.

  • Avaliação de riscos setoriais.
  • Revisão do texto à luz da legislação mais recente (incluindo LGPD, inovação, propriedade intelectual e compliance).
  • Sugestão de critérios de progressividade e mecanismos de defesa eficientes.
  • Diagnóstico do equilíbrio contratual para evitar cláusulas nulas ou abusivas.

O time da StartLaw atua integrando tecnologia, linguagem acessível e profundo conhecimento legal, oferecendo opções personalizadas para startups em todos os estágios – da ideação à scale-up. E este apoio pode ser acionado em recorrência, sem custos surpresa, favorecendo decisões rápidas, seguras e orientadas ao negócio.

O cenário das multas no dia a dia das startups

Startups, expostas à incerteza e à necessidade de crescimento acelerado, frequentemente subestimam o poder dissuasório (e os riscos) das multas em contratos de licença temporária. Em vez de temer penalidades, o segredo está em integrá-las ao modelo de governança, tendo o contrato como aliado do crescimento, e não obstáculo.

No cotidiano, dúvidas práticas surgem a todo momento:

  • Como negociar valores aceitáveis sem perder o negócio?
  • De quem é a responsabilidade pela guarda e exclusão dos dados ao fim do contrato?
  • O que fazer se a multa for absurdamente elevada e o fornecedor se recusar a negociar?
  • Notificações eletrônicas valem para formalizar infrações/defesas?
  • É possível limitar responsabilidade civil só à penalidade contratual?

Boa parte dessas respostas depende, justamente, da redação cuidadosa das cláusulas que envolvem multas, hipóteses de aplicação e mecanismos de contestação, aliados a rotinas claras de compliance e registro de notificações.

Ações para gestão de riscos e segurança contratual

Gestão eficiente do risco começa, sempre, com um bom sistema de controles preventivos. Para startups que operam em múltiplos contratos e licenças, vale investir em:

Ferramentas de controle de prazos e obrigações.

  • Relatórios automáticos de potencial infração (logs de uso).
  • Revisões periódicas dos termos para evitar desatualização.
  • Registro de notificações, contestações e pagamentos relacionados a multas.
  • Biblioteca digital centralizada de contratos e aditivos.

A StartLaw oferece soluções especializadas neste sentido, aliando tecnologia e expertise jurídica.

Exemplos práticos e situações habituais

Para tornar esse conteúdo mais próximo do cotidiano, confira algumas situações reais em que a escolha (ou ausência) de cláusulas de multa alterou o rumo dos negócios:

  • Startup X licencia sistema para cliente A por 18 meses. Após 14 meses, cliente descobre uso do sistema além do escopo autorizado. Contrato previa multa de 5% do valor total por infração. Cliente paga, ajusta uso, relação segue normalmente. Multa razoável funcionou como “anticorpo” do negócio.
  • Empresa B firma licença com penalidade de 30% do valor em caso de quebra de sigilo. Parte infratora recorre judicialmente, consegue redução da multa para 10% por desproporcionalidade (casos recorrentes na jurisprudência).
  • Startup C assina contrato com fornecedor de software sem ajuste nas cláusulas de penalidade. Uma falha sistêmica causada por terceiro leva à aplicação de multa. Como não havia exceção contratual, startup teve prejuízo duplo. Se tivesse incluído cláusula de excludente de responsabilidade, teria evitado a penalidade.
  • Licenciante D, sabendo da instabilidade do mercado, negociou sistema de multas progressivas (advertência, depois multa de 2% por infração e, só no caso de reincidência, rescisão com multa acumulada). Cliente ajustou procedimentos rapidamente e nenhuma multa foi aplicada em dois anos.

Cada cenário reforça a necessidade de contrato personalizado, razoável e estrategicamente redigido.

O olhar da StartLaw para contratos de licença temporária

Ao criar, negociar, revisar e gerenciar contratos de licença temporária, o foco da StartLaw está em eliminar o “juridiquês”, criar regras do jogo claras, seguras e personalizáveis para cada realidade. Isso ilumina caminhos para startups inovarem sem medo, sabendo que eventuais erros ou imprevistos não se transformarão em “armadilhas” onerosas ou bloqueios judiciais.

Ao longo de várias implementações, a experiência mostra que contratos de sucesso são flexíveis, atualizáveis e contam com estrutura de penalidades proporcionais ao risco, ao perfil do cliente e à natureza da solução licenciada.

Da análise técnica dos termos à operacionalização do dia a dia (assinatura, arquivamento, notificações, resolução de dúvidas), a atuação multidisciplinar se revela diferencial competitivo e de segurança.

Conclusão

Ao final deste guia sobre multas em contratos de licença de uso temporário, duas mensagens ficam claras. Primeiro, pensar em penalidades não é só preparar-se para o pior – é criar ambiente sólido para o crescimento, em especial no contexto inovador e incerto das startups. Segundo, contratos bem estruturados, com cláusulas claras, proporcionais e democráticas, são, sim, propulsores de boas relações comerciais (e não freios do negócio).

A StartLaw existe para descomplicar, apoiar startups e empresas inovadoras em cadeias de tecnologia e propriedade intelectual, tornando contratos ativos de crescimento, e não passivos de risco. Para saber mais, começar a revisar seus contratos ou migrar para soluções digitais de gestão contratual e suporte jurídico sob demanda, experimente conhecer nossos serviços e fale com nosso time especializado.

Perguntas frequentes sobre multas em licença temporária

O que são multas em licença temporária?

As multas em contratos de licença de uso temporário consistem em penalidades financeiras, previamente estipuladas, aplicadas quando uma das partes – normalmente o licenciado – descumpre as regras ou limitações do uso do bem, tecnologia, software ou serviço objeto do contrato. Elas servem para reparar prejuízos e estimular o cumprimento do acordo, podendo cobrir infrações como uso indevido, quebra de confidencialidade, atraso em pagamentos ou permanência além do prazo permitido.

Como calcular o valor da multa contratual?

O cálculo deve levar em conta critérios de proporcionalidade, gravidade da infração e parâmetros do mercado. Multas podem ser fixas (um valor determinado para cada violação), percentuais (sobre o valor do contrato ou mensalidade), ou progressivas (aumentam com a reincidência). Recomenda-se não ultrapassar 10 a 20% do total do contrato, salvo justificativa clara e baseada no potencial de dano, sob pena de revisão judicial.

Quais cuidados ao incluir multas nos contratos?

A redação da cláusula de multa deve ser muito clara, detalhando quais condutas são passíveis de penalidade, os valores, formas de cálculo e prazos para pagamento. Adote critérios de razoabilidade, gradue as penalidades conforme a natureza da infração e preveja mecanismos de defesa ou suspensão para situações de força maior. Evite multas duplicadas para o mesmo fato e proteja também a parte licenciada de penalidades desmedidas.

Quando a multa em contrato é válida?

A multa só é válida se estiver prevista em cláusula expressa, clara, específica e justa. O valor não pode ser desproporcional ao risco ou prejuízo potencial. Multas abusivas e ambíguas são passíveis de anulação ou redução judicial. Além disso, é fundamental que o procedimento de apuração, notificação e defesa esteja previsto no contrato, e que as causas de exclusão de responsabilidade estejam claras (ex: força maior, culpa exclusiva de terceiros).

Como evitar problemas com multas em licenças?

Problemas são evitados negociando e revisando o contrato com apoio jurídico especializado, personalizando as cláusulas conforme o perfil do negócio, prevendo mecanismos razoáveis de contestação/defesa, registrando notificações e documentando todo o procedimento. O uso de soluções digitais, como plataformas de gestão contratual, também auxilia no controle de obrigações, prazos e registros, tornando o ambiente mais transparente e seguro para as partes.

Foto de Nícolas Fabeni
Nícolas Fabeni
Advogado pela PUCPR, administrador pela UFPR e fundador e CEO da StartLaw, uma empresa de tecnologia que acredita no poder dos dados e da tecnologia para combater problemas na organização de informações jurídicas.OAB/PR 104.230.

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